Numa perspectiva mais ampla, buscamos o desenvolvimento sustentável de um espaço experimental de tecnologias sociais denominado Estação Luz, voltadas ao atendimento de demandas nas áreas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde e meio ambiente. Somos detentores de um espaço que possui minas d´água, solo fértil e uma localização central que o torna privilegiado em termos de interação comunitária, acessibilidade e para difusão do conhecimento técnico-científico.
Nesse contexto, surgiu este programa, que, ao tempo em que promove uma intervenção no meio ambiente, com a recuperação de sua área de proteção permanente (APP) , propõe envolver a comunidade do entorno – principalmente a escolar – oferecendo um ambiente não formal de vivências sustentáveis, onde os professores da rede de ensino poderão obter uma fundamentação teórico-prática de temas constantes do currículo educacional .
Considerando a importância dessa temática e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, as escolas terão um espaço ambiental prático para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas advindas de diferentes culturas e sua conseqüência para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos e o ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa, culturalmente eqüitativa em um ambiente saudável.
Pretendemos envolver também os jovens universitários, para que atuem como educadores ambientais deste espaço, seja recebendo e acompanhando os alunos das escolas, como também difundindo na comunidade os conhecimentos técnico-científicos que auxiliem na proteção do meio ambiente. Com os conteúdos ambientais contextualizados com a realidade da comunidade, esses universitários ajudarão a desenvolver a percepção sobre a correlação dos fatos e, dessa maneira, expandir o olhar da comunidade para uma visão , holística, ou seja, integral, do mundo em que vive.
Diante, pois, de uma visão ampla do meio ambiente e dos desafios impostos pela educação gerada por uma sociedade excludente e multicultural é que este programa tem como eixo o oferecimento de um espaço comunitário assentado na centralidade da cultura, no reconhecimento da diferença e na construção da igualdade, buscando a promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos e de outros valores universais,
Fundamentos básicos :
a) a Educação Ambiental para a Sustentabilidade (EAS) é engajada e participativa, ao invés de passiva; a ênfase está no aprender, ao invés de ensinar. Em particular, a pesquisa-ação, com sua ênfase na reflexão crítica, ciclos de aprendizado experiencial e posse democrática dos processos de mudança, são inerentes à EAS.
b) A EAS pode ser definida: como “um processo educacional que prepara o indivíduo a perceber que as relações culturais, sociais e econômicas construídas pela humanidade, devem ser justas e considerar a Terra a partir da finitude dos seus recursos naturais existentes”.
c) Os educadores ambientais devem estar preparados para utilizar os mais diversos materiais que o cotidiano nos apresenta, explorando a sua diversidade de forma crítica. Devem estar atentos a aspectos da cultura popular e de outros elementos que provenham do contexto do educando. Nesse sentido esses educadores estão inseridos no campo da Pedagogia Social.
d) a educação não- formal (que pode ser conceituada como aquela oferecida fora dos ambientes formais de ensino) capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais . Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no processo interativo, gerando um processo educativo e cultural .Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os interesses e as necessidades de quem dele participa. A construção de relações sociais baseadas em princípios de igualdade e justiça social, numa cultura de paz, quando presentes num dado grupo social, fortalece o exercício da cidadania. A transmissão de informação e formação política e sócio cultural é uma meta na educação não formal. Ela prepara os cidadãos, educa o ser humano para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo etc.
e) A Educação Ambiental não-formal apresenta diversas modalidades como, por exemplo, Educação para a Gestão Ambiental dos Recursos, que tem desempenhado um papel importante na sensibilização de parte da sociedade brasileira, gerando o seu envolvimento com as questões ambientais. É postulada como um dos âmbitos específicos de ação da EA, desde os primeiros documentos nacionais e internacionais, nos quais sempre se destaca a importância da participação da comunidade na tomada de decisões políticas ou econômicas que mexem com sua vida. Na Agenda 21, coloca-se de forma explícita a importância da EA comunitária.
f) A educação não - formal é aquela voltada para o ser humano como um todo, cidadão do mundo, homens e mulheres, numa perspectiva da emancipação, numa pedagogia libertadora e não integradora a uma dada ordem social desigual . Em hipótese NENHUMA a educação não-formal substitui ou compete com a Educação Formal, com a educação escolar. Poderá ajudar na complementação dessa última, via programações específicas, articulando a escola e a comunidade educativa localizada no território de entorno da escola.
g) nesse sentido de complementação nos propomos também utilizar este espaço não formal para auxiliar na re-alfabetização de jovens e adolescentes e/ou no acompanhamento de alunos regulares de escolas públicas com dificuldades de aprendizado, através de uma metodologia colaborativa com a natureza, com foco no despertar de valores essenciais para a vida comunitária, tais como o respeito, a ética e uma cultura de paz.
7 de novembro de 2008
Transcrito do blog original
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