quarta-feira, 8 de junho de 2011

Carta do Cacique Mutua a todos os povos da Terra

Carta do Cacique Mutua a todos os povos da Terra

O Sol me acordou dançando no meu rosto. Pela manhã, atravessou a palha da oca e brincou com meus olhos sonolentos.

O irmão Vento, mensageiro do Grande Espírito, soprou meu nome, fazendo tremer as folhas das plantas lá fora.

Eu sou Mutua, cacique da aldeia dos Xavantes. Na nossa língua, Xingu quer dizer água boa, água limpa. É o nome do nosso rio sagrado.

Como guiso da serpente, o Vento anunciou perigo. Meu coração pesou como jaca madura, a garganta pediu saliva. Eu ouvi. O Grande Espírito da floresta estava bravo.

Xingu banha toda a floresta com a água da vida. Ele traz alegria e sorriso no rosto dos curumins da aldeia. Xingu traz alimento para nossa tribo.

Mas hoje nosso povo está triste. Xingu recebeu sentença de morte. Os caciques dos homens brancos vão matar nosso rio.

O lamento do Vento diz que logo vem uma tal de usina para nossa terra. O nome dela é Belo Monte. No vilarejo de Altamira, vão construir a barragem. Vão tirar um monte de terra, mais do que fizeram lá longe, no canal do Panamá.

Enquanto inundam a floresta de um lado, prendem a água de outro. Xingu vai correr mais devagar. A floresta vai secar em volta. Os animais vão morrer. Vai diminuir a desova dos peixes. E se sobrar vida, ficará triste como o índio.

Como uma grande serpente prateada, Xingu desliza pelo Pará e Mato Grosso, refrescando toda a floresta. Xingu vai longe desembocar no Rio Amazonas e alimentar outros povos distantes.

Se o rio morre, a gente também morre, os animais, a floresta, a roça, o peixe tudo morre. Aprendi isso com meu pai, o grande cacique Aritana, que me ensinou como fincar o peixe na água, usando a flecha, para servir nosso alimento.

Se Xingu morre, o curumim do futuro dormirá para sempre no passado, levando o canto da sabedoria do nosso povo para o fundo das águas de sangue.

Hoje pela manhã, o Vento me levou para a floresta. O Espírito do Vento é apressado, tem de correr mundo, soprar o saber da alma da Natureza nos ouvidos dos outros pajés. Mas o homem branco está surdo e há muito tempo não ouve mais o Vento.

Eu falei com a Floresta, com o Vento, com o Céu e com o Xingu. Entendo a língua da arara, da onça, do macaco, do tamanduá, da anta e do tatu. O Sol, a Lua e a Terra são sagrados para nós.

Quando um índio nasce, ele se torna parte da Mãe Natureza. Nossos antepassados, muitos que partiram pela mão do homem branco, são sagrados para o meu povo.

É verdade que, depois que homem branco chegou, o homem vermelho nunca mais foi o mesmo. Ele trouxe o espírito da doença, a gripe que matou nosso povo. E o espírito da ganância que roubou nossas árvores e matou nossos bichos. No passado, já fomos milhões. Hoje, somos somente cinco mil índios à beira do Xingu, não sei por quanto tempo.

Na roça, ainda conseguimos plantar a mandioca, que é nosso principal alimento, junto com o peixe. Com ela, a gente faz o beiju. Conta a história que Mandioca nasceu do corpo branco de uma linda indiazinha, enterrada numa oca, por causa das lágrimas de saudades dos seus pais caídas na terra que a guardava.

O Sol me acordou dançando no meu rosto. E o Vento trouxe o clamor do rio que está bravo. Sou corajoso guerreiro, não temo nada.

Caminharei sobre jacarés, enfrentarei o abraço de morte da jiboia e as garras terríveis da suçuarana. Por cima de todas as coisas pularei, se quiserem me segurar. Os espíritos têm sentimentos e não gostam de muito esperar.

Eu aprendi desde pequeno a falar com o Grande Espírito da floresta. Foi num dia de chuva, quando corria sozinho dentro da mata, e senti cócegas nos pés quando pisei as sementes de castanha do chão. O meu arco e flecha seguiam a caça, enquanto eu mesmo era caçado pelas sombras dos seres mágicos da floresta.

O espírito do Gavião Real agora aparece rodopiando com suas grandes asas no céu.

Com um grito agudo perguntou:

Quem foi o primeiro a ferir o corpo de Xingu?

Meu coração apertado como a polpa do pequi não tem coragem de dizer que foi o representante do reino dos homens.

O espírito do Gavião Real diz que se a artéria do Xingu for rompida por causa da barragem, a ira do rio se espalhará por toda a terra como sangue e seu cheiro será o da morte.

O Sol me acordou brincando no meu rosto. O dia se abriu e me perguntou da vida do rio. Se matarem o Xingu, todos veremos o alimento virar areia.

A ave de cabeça majestosa me atraiu para a reunião dos espíritos sagrados na floresta. Pisando as folhas velhas do chão com cuidado, pois a terra está grávida, segui a trilha do rio Xingu. Lembrei que, antes, a gente ia para a cidade e no caminho eu só via árvores.

Agora, o madeireiro e o fazendeiro espremeram o índio perto do rio com o cultivo de pastos para boi e plantações mergulhadas no veneno. A terra está estragada. Depois de matar a nossa floresta, nossos animais, sujar nossos rios e derrubar nossas árvores, querem matar Xingu.

O Sol me acordou brincando no meu rosto. E no caminho do rio passei pela Grande Árvore e uma seiva vermelha deslizava pelo seu nódulo.

Quem arrancou a pele da nossa mãe? gemeu a velha senhora num sentimento profundo de dor.

As palavras faltaram na minha boca. Não tinha como explicar o mal que trarão à terra.

Leve a nossa voz para os quatro cantos do mundo clamou O Vento ligeiro soprará até as conchas dos ouvidos amigos ventilou por último, usando a língua antiga, enquanto as folhas no alto se debatiam.

Nosso povo tentou gritar contra os negócios dos homens. Levamos nossa gente para falar com cacique dos brancos. Nossos caciques do Xingu viajaram preocupados e revoltados para Brasília. Eu estava lá, e vi tudo acontecer.

Os caciques caraíbas se escondem. Não querem olhar direto nos nossos olhos. Eles dizem que nos consultaram, mas ninguém foi ouvido.

O homem branco devia saber que nada cresce se não prestar reverência à vida e à natureza. Tudo que acontecer aqui vai voar com o Vento que não tem fronteiras. Recairá um dia em calor e sofrimento para outros povos distantes do mundo.

O tempo da verdade chegou e existe missão em cada estrela que brilha nas ondas do Rio Xingu. Pronta para desvendar seus mistérios, tanto no mundo dos homens como na natureza.

Eu sou o cacique Mutua e esta é minha palavra! Esta é minha dança! E este é o meu canto!


Porta-voz da nossa tradição, vamos nos fortalecer. Casa de Rezas, vamos nos fortalecer. Bicho-Espírito, vamos nos fortalecer. Maracá, vamos nos fortalecer. Vento, vamos nos fortalecer. Terra, vamos nos fortalecer.


Rio Xingu! Vamos nos fortalecer!


Leve minha mensagem nas suas ondas para todo o mundo: a terra é fonte de toda vida, mas precisa de todos nós para dar vida e fazer tudo crescer.


Quando você avistar um reflexo mais brilhante nas águas de um rio, lago ou mar, é a mensagem de lamento do Xingu clamando por viver.

Cacique Mutua"

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Café com Parceiros - AIESEC

Na quinta feira desta semana, dia 09/06, acontecerá na nossa sede o Evento "Café com Parceiros", promovido pela AIESEC em Ribeirão Preto. O evento tem como objetivo facilitar a troca de experiências entre o Terceiro Setor e apresentar o programa de voluntários internacionais para o desenvolvimento de ONGs de Ribeirão Preto.

A Estação Luz é parceira da AIESEC desde o ano passado. No começo do ano, recebemos o intercambista inglês Will, que desenvolveu um ótimo trabalho conosco.

Estão todos convidados!


































Até lá!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Empreender

Deixando de lado o academicismo e a pureza científica da definição perfeita, empreender é buscar tornar real uma idéia.
Todo empreendedor é, antes de tudo, um sonhador, alguém que vislumbra, em meio a uma aparente mesmice algo que fuja do convencional, alguém que propõe mudança de rumos, alterações de conceitos e ousadia para mudar o status quo do seu meio ambiente.
Sempre é mais cômodo manter as coisas como estão, continuar repetindo tudo da mesma maneira, executar os mesmos movimentos e obter os mesmos resultados.
A natureza é toda assim.
Tudo acontece da maneira mais fácil, o que significa que o mais fácil é, quase sempre, o mais natural.
A água desce, o fogo sobe, as coisas caem.                                                                   
O empreendedor é curioso, obstinado, criativo, proativo e otimista.
Não se contenta em conseguir resultados previsíveis, busca mais, busca ser melhor, ignora o óbvio, explora o desconhecido, experimenta o inusitado, saboreia o sucesso, aprende com o fracasso e não se cansa de tentar outra vez, outra vez, outra vez……
Foi preciso um empreendedor para transformar a descoberta do fogo em um archote e depois em uma lamparina até chegar nas lâmpadas modernas sofisticadas.                                                    
Foi essa inquietação do empreendedor que, depois do fogo, dominou a eletricidade, o magnetismo, a velocidade, as distâncias e saiu da fala, do grito, do tantan dos tambores para o rádio, a televisão, o computador, a internet.
Foi o espírito da não acomodação que tirou o homem das cavernas e o levou aos arranha-céus, que permitiu que ele voasse mais alto e mais rápido que os pássaros.
Empreender é isso.

 Cezar Magalhães
http://www.cezarmagalhaes.com.br/2011/02/o-que-e-empreender/

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Mutirões para a Construção do Viveiro

Os mutirões para a construção do Viveiro Educador de Mudas continuam acontecendo!
A construção do viveiro é feita exclusivamente por voluntários e amigos da ONG, e acontece todo sábado, com inicio por volta das nove horas. Depois de uma pausa para almoço(feito pela Tia Rose), continuamos por toda a tarde. 



Venha passar um dia diferente em um espaço gostoso e animado! Engaje-se conosco!

segunda-feira, 16 de maio de 2011


UMA GRANDE LIÇÃO DE VIDA
por Autor Desconhecido

Há alguns anos, nas olimpíadas especiais de Seattle,nove participantes, todos com deficiência mental,alinharam-se para a largada da corrida dos 100 metros rasos.

Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar. Um dos garotos tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar. Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás. Então eles viraram e voltaram.

Todos eles. Uma das meninas, com sindrome de down ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse:
- Pronto, agora vai sarar!

E todos os noves competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos...

Talvez os atletas fossem deficientes mentais...Mas com certeza, "não eram deficientes espirituais..."

Isso porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida, mais do que ganhar sozinho, é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique diminuir os nossos passos..."

Autor Desconhecido 

quinta-feira, 5 de maio de 2011


UNIÃO OU REUNIÃO?
por Deise Cristina Wischral

União significa muito mais do que estar juntos... é caminhar pela mesma trilha, é buscar os mesmos ideais, é estar em sintonia mesmo estando distante.

Já reunião, é diferente... reunião não passa de um grupo de pessoas... que na maioria das vezes está ali pra defender seus próprios interesses...

É isso o que tem acontecido em nossas empresas. É isso o que tem acontecido nas universidades, órgãos representativos de inúmeras profissões ou associações de bairro. É isso o que tem acontecido com nossas famílias, com nosso círculo de amizades, com os relacionamentos conjugais, com os moradores de nosso prédio. É isso o que tem acontecido com nosso Brasil. Na maioria das vezes não passamos de pessoas REUNIDAS, lutando por interesses próprios, e querendo ter resultados comuns.

Cada um tem seus sonhos, seus motivos, seus anseios e desejos... e poucas vezes paramos pra compreender a vida de nosso próximo... Acho que temos esquecido o significado da palavra união. A cada dia nossos jovens aprendem menos sobre valores e princípios, e são mais estimuladas a serem as melhores a qualquer preço. Esse é o cenário de nosso país.

Falta aprendermos mais sobre nossa própria essência. Falta fé e perseverança. Falta amor. Falta doação, falta comprometimento, falta atitude.

Discursos temos muitos, pra todos os gostos, pra todas as idades, para todas as crenças. Mas falta ação. Falta recurso, e muitas vezes não só financeiro, mas humano. Falta sermos nós mesmos. Falta lutarmos pelo que acreditamos. Falta agradecer a Deus pela oportunidade ímpar que temos de estar aqui para fazer a diferença... mas muitas vezes cruzamos os braços por que as coisas não funcionam como gostaríamos...

As pessoas querem as coisas fáceis. Acomodam-se. Reclamam. Negligenciam. Apenas sobrevivem... E o pior: não fazem nada para mudar, querendo que o mundo pare pra lhes ouvir...

Temos perdido o foco dos resultados com muita facilidade. Temos reclamado do mundo a nossa volta com mais freqüência do que temos contribuído pra ele ser melhor...

Somos únicos. E teremos sempre pessoas para nos apoiar e para nos afundar também. TUDO nessa vida vale como aprendizado. Principalmente os problemas.

Nada vai mudar enquanto nós não mudarmos. Nada vai mudar enquanto continuarmos apenas reunidos.

Dar as mãos para executar um projeto quer dizer muito mais do que: “espero que tudo dê certo por que eu tenho meus interesses nisso...” Dar as mãos no sentido mais puro da palavra união quer dizer: “eu estou com você, indiferente de quais sejam os obstáculos, os desafios e os resultados”.

Mas é tão mais fácil pular do barco quando ele está afundando... É tão prático apontar problemas do lado de fora. E dizer “eu disse que deveria ser assim”. Às vezes me envergonho dos pensamentos mesquinhos que temos... do egoísmo, do orgulho, da inveja, do comodismo... e peço a Deus em minhas orações... “torna-me mais parecida com teu Filho”... que veio ao mundo por amor. Que deu sua vida por amor. Que sabia de seu destino, que sabia do quanto seria rejeitado e humilhado e mesmo assim não desistiu. Que sabia que seus próprios discípulos o abandonariam na hora em que Ele mais precisava. E que morreu de braços abertos pedindo a Deus que perdoasse a nossa ignorância.

Por que é tão difícil participar da vida de verdade? Por que existem mais pessoas apontando falhas do que comprometidas e unidas no mesmo propósito?

Tudo isso tem explicação. Mas tenho descoberto outra coisa nos últimos meses. As pessoas não querem saber qual a explicação disso. Simplesmente não querem. O manual de instrução da vida é ignorado, deixado na estante de casa ou na gaveta. É considerado um livro ultrapassado. Cada um prefere pensar por si mesmo e defender seu ponto-de-vista a qualquer custo. É mais simples dizer o que eu penso do que buscar na fonte.

Enquanto isso continuamos fazendo reuniões. Enquanto isso temos promessas políticas que não são cumpridas em favor do povo, mas em favor de poucos. Enquanto isso somos um povo negligente, que reclama do governo mas não participa e não busca informação, por que já não acredita que as coisas possam melhorar.

Enquanto isso temos separações, temos projetos que não são concluídos, temos associações que são desfeitas por que as pessoas não querem pagar o preço. Enquanto isso nossas crianças crescem vendo que a cada dia deixamos de acreditar em nós mesmos.

Enquanto

terça-feira, 5 de abril de 2011

I Oficina de Reutilização de Garrafas Pet - Um sucesso!

Boa tarde pessoal!

Gostaria de agradecer a presença de todos na nossa primeira oficina de reutilização.
Devido a um erro de servidor, não consigo publicar as fotos aqui no blog. Confira-as no nosso facebook!
Deixo um depoimento do Gustavo, Coordenador da Oficina CALHAPET, sobre o evento.

Tenham uma ótima semana!

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Realizou-se na tarde de sábado (02), a oficina de reutilização de garrafas PET na "Estação Luz - Espaço Experimental de Tecnologias Sociais", em Ribeirão Preto.

Participaram 25 pessoas, dentre professores, estudantes universitários, profissionais liberais, intercambistas da Alemanha, Argentina e Portugal (Programa AIESEC) e voluntários das cidades de Ribeirão Preto.

As oficinas simultâneas de construção de calhas para aproveitamento da água da chuva e de móveis e banquetas, foram excelentes, segundo os participantes e organizadores. Todos receberam certificados de participação e materiais impressos para a multiplicação das oficinas em outras localidades.

A parceria entre a Estação Luz e o Rotaract Club foi oportuna, pois os voluntários puderam conhecer o trabalho que ambas desenvolvem e aprender algumas maneiras de reutilização de materiais como a garrafa PET, ripas de madeira e caixa de papelão.

O evento faz parte dos Projetos Jovens Eco Empreendedores Urbanos, da Estação Luz, e do Programa Preserve o Planeta Terra, do Rotaract Club (Rotary Internacional).

Saiba mais informações em http://www.estacaoluzribeirao.blogspot.com/ e http://calhapet.com.br/

Por Gustavo Zen de Figueiredo Neves
Rotaract Club Ribeirão Preto Norte - 4540
Geógrafo - Bacharel e Licenciado